Este post ficou maior do que eu imaginava mas espero que leiam e comentem.
Nunca fui defensora do pagode/axé da Bahia. Muito pelo contrário, sempre ataquei e fiz críticas bem ácidas. Enfim, não gosto e não sou obrigada a falar bem. Nos últimos meses, no entanto, foi lançada uma música que virou febre nas ruas de Salvador: o pagode da Mulher Maravilha. A partir disso, surgiu uma nova discussão a cerca do “orgulho de ser baiano” e é sobre isso que eu quero falar.
A música, de fato, não é nenhuma obra de arte. Liga da Justiça dominada, Pinguim jogando criptonita, Lex Luthor e Coringa roubando a laço da Mulher Maravilha. Uma bagunça só. Além disso, acompanha também o trocadilho infame do “foge foge com o Superman”. No fim das contas, não existe um bar sequer nesta cidade, ou um carro com o fundo aberto, que não esteja tocando esse som.
Mas o que eu quero realmente ressaltar é que, por causa dessa música, muitas pessoas têm declarado na Internet, e nas ruas também, que têm vergonha de serem baianos. Vergonha porque uma terra tão rica em cultura produz algo assim? Vergonha porque a letra é mal elaborada? Vergonha porque pagode é considerado coisa de gente sem informação? Eu não sei responder, mas o que vem me impressionando é a forma descolada com a qual as pessoas (inclusive eu) vêm julgando esse tipo de manifestação.
O fato de eu não gostar de pagode não pode me cegar. A música funciona. As pessoas gostam. Ponto final. A proposta desse som não é, nem nunca foi, o de apreciação. A intenção não é passar uma mensagem. Ela nasceu para ser comercial, para vender, para ser dançada, para rir, para curtir com os amigos em um fim de semana. E se olharmos por esse lado, ela cumpre sim o que se comprometeu a fazer. Ela diverte. E não vejo mal algum nisso.
Mal comparando, temos que levar em consideração outro ponto: querendo, ou não, o pagode é uma manifestação cultural dos guetos de Salvador como o hip hop foi nos ghettos dos EUA e como o funk é no Rio. Guardadas às devidas proporções, estes se propõem a falar sobre críticas sociais, mulheres e sexo de forma aberta. Isso é incômodo e talvez seja um dos principais motivos das críticas.
O que eu não acho justo é que as pessoas estejam falando sobre o pagode como se este fosse pretensioso o suficiente para tentar se igualar a qualquer outra referência clássica da MPB. Isso ele não é. Também não acho justo que pessoas de outros estados estejam rebaixando o Nordeste por causa disso. Sinceramente, quem produz coisas como “Baba baby” e “Festa no Apê” não tem moral para falar nada. Xiu, fica quieto!
Não somos só pagode/axé. Somos Caetano, somos Gal, somos Dorival, somos Bethânia e somos Gil. Mas somos LevaNoiz, Psirico, Pagodart e Edy City também. E precisamos começar a assumir isso, não?
[UPDATE]: Aproveitando o ‘sucesso’ da música ‘Mulher Maravilha’, lançaram: